O que é? - Família do Leite

Os produtores familiares são responsáveis pela maior parte do leite produzido no Brasil, sendo que na região da Zona da Mata Mineira, essa representatividade é ainda maior, por se tratar de uma região com áreas montanhosas, onde pequenas propriedades leiteiras são predominantes. A produção de leite por esses produtores tem em comum a falta de assistência técnica e assim, a baixa produtividade e qualidade. Normalmente, a produção de leite se dá por sistemas exclusivos a pasto durante a época chuvosa, sendo que na época seca, que compreende os meses de maio a setembro, a alimentação do gado passa a ser complementada por volumosos produzidos na propriedade, tais como a silagem de milho e a cana-de-açúcar. 

A maior parte dos produtores familiares dessa região não recebe assistência técnica e dessa forma, não conseguem maximizar o potencial produtivo dos animais que fazem parte do seu rebanho. Ainda, a falta de controle econômico da atividade faz com que muitos tenham prejuízos e assim, abandonem a atividade. Nos últimos anos, o produtor de leite vem enfrentado grandes desafios na atividade, devido ao aumento do preço dos insumos e alimentos e a queda no preço pago pelo litro de leite. Até 1990, o valor do leite era controlado pelo governo, e nesse período, o preço pago ao produtor era ajustado de acordo com os custos de produção do mesmo. Com o problema da inflação enfrentado no início da década de 90 o governo parou de interferir no preço do leite e o mercado passou a ditar as regras do setor. Assim, os laticínios pagam aos produtores o preço que melhor lhes atendam, e na maioria das vezes, o valor pago cobre apenas o custo de produção, não havendo margem de lucro sobre o mesmo. Devido à falta de associações e cooperativas no setor lácteo na região da Zona da Mata Mineira, os produtores compram os insumos e alimentos para o gado em pequenas quantidades, resultando num maior valor pago devido ao menor poder de barganha. Ainda, no momento da venda do leite aos laticínios, os pequenos produtores de leite não possuem volume suficiente para entregar aos mesmos e dessa forma, os laticínios pagam menos, pois precisam incluir os gastos com transporte do leite, fazendo com que o produtor receba ainda menos pelo litro de produto vendido.

Dessa forma, observa-se que os produtores de leite familiares ou os pequenos produtores de leite possuem dificuldades em obter sucesso na atividade, visto o alto custo produtivo e o baixo retorno ao produto pago. Aliado a isso está a baixa qualidade do produto, por questões de higiene, que muitas vezes não são de conhecimento do produtor, seu produto normalmente apresenta baixa qualidade. Tendo em vista esses problemas enfrentados pelos produtores de leite da Região da Zona da Mata Mineira, alternativas devem ser estudadas e levadas aos mesmos para que haja um aumento na qualidade do produto e assim, um maior valor pago ao litro de leite. Com isso, acredita-se que a produção de leite orgânico poderia ser uma alternativa a esses produtores que precisam que seu produto seja melhor remunerado.

A produção de leite orgânico no Brasil é restrita a algumas propriedades leiteiras que não atende todo o potencial de comércio do produto. Devido à baixa produção de leite orgânico no Brasil, o mesmo apresenta um valor agregado muito elevado, podendo custar até 6 vezes o preço de um leite convencional. Tendo em vista que a maior parte da população não pode pagar um preço tão elevado pelo leite orgânico, a saída seria aumentar o volume de leite orgânico produzido, tentando assim, diminuir o valor do produto e deixá-lo mais acessível à população. Numa pesquisa de mercado realizada na cidade de Viçosa-MG sobre a aceitação do leite orgânico, foi observado que 90% das pessoas se interessam pelo produto e que 50% estariam dispostas a pagar um valor maior por ele. No entanto, esse valor não deveria ser até 2 vezes o valor pago pelo leite convencional. Ainda, apesar de 75% das pessoas terem se interessado pelo produto, 50% do total não soube responder o que o leite orgânico teria de diferente do leite convencional.

A procura por produtos mais saudáveis e que garantam a saúde do consumidor, tal como o leite orgânico, vem crescendo. No entanto, é possível encontrar leite orgânico para a venda apenas em grandes centros, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. Não havendo, ou havendo pouca oferta do produto em cidades do interior. Tendo em vista os problemas que os produtores de leite enfrentam em relação ao valor pago pelo leite e que a produção de leite orgânico agrega valor ao produto, acredita-se que a mudança de produção convencional de leite para a produção de leite orgânico poderia ser uma saída favorável a esses produtores. Apesar da imensa lista que regulamenta a produção de leite orgânico, essa não seria o principal entrave, pois o modo de produção de leite de pequenos produtores é similar ao estipulado; sendo o maior entrave, a produção de milho e soja orgânicos para servem como um suplemento alimentar às vacas no período seco, principalmente.  

Esse projeto visa a integração entre a extensão tecnológica, pesquisa científica e educação profissional na área de produção agroecológica de leite orgânico na região da Zona da Mata de Minas Gerais objetivando o treinamento de produtores de leite convencional que apresentam perfil de mudança para a produção de leite orgânico.